Quando na passada segunda feira me encontrava com dois amigos e falava com um deles da nossa estadia em Moçambique ele como condutor do Exército e eu como Marinheiro, eis que entrava na conversa outro fulano. Parem de falar de Moçambique porque quem pode falar sou eu que sou o mais antigo, eu e o meu amigo de peito que lá esteve 25 meses e eu 53, eis que ele como Polícia de Segurança Pública tinha lá estado oito anos. Todos tinhamos muitissimas histórias para contar, como é evidente muitas não eram boas, mas a mais trágica onde esteve o meu amigo de peito Manuel Cardoso quando a Barcaça se afundou no Rio Zambeze e ele que já no Rio Douro juntamente com o Irmão António estiveram quase afogados, não fora a coragem e rapidez do Ti Zé do Paulo que deitava uns Pardelhos na Ovelha junto ao Carneiro e ao aperceber-se conseguiu salvar a ambos, esta lição terá- lhe servido de aviso para que aprendesse a nadar e o ter aprendido salvou-lhe a vida no sitado afundamento. Afogaram-se inúmeras pessoas em Moçambique. Falamos do Bife do Hipópotamo, da Pesca do Peixe Negro no Lago Niassa da bela Dobrada e do Camarãoaacompanhar a Laurentina em Lourenço Marques ou na Beira e do Gato da Cozinha na Cozinha da Marinha que tivemos de comer para não sermos denúnciados,das pegas das Vacas armados em Forcados, quando elas mal se seguravam de pçé com a fome, das noites de Batota, dos 22 fados cantados pela Amália Rodrigues, das caçadas onde normalmente as vitímas eram sempre os Macacos Cães e a forma como as poppulações encobriam os Combatentes zda Frelimo, que sempre que visitavam a Cantina da Marinha eram todos irmãos. Recordei-me daquela Prisioneira que lhe dei uns poucos de livros na prisão da Torre quando estava de serviço e lá lhe fui levar o almoço. Enquanto que nessa noite ela fugia da prisão e pouco depois já estava no Malawi, onde era Comandante de Sector. Tinha este Polícia trabalho com o Daniel Rocho esta figura sinistra pela qual nunca tive boa ipinião piorou quando um destes dias li que ele tinha a juntar á Cruz de Guerra outras condecorações. Não tive prazer nenhum em ouvir falar dele, pois veio-me á memória a crueldade que o vi praticar no Hospital de Vila Cabral com dois guerrilheiros que ele tinha ferido mortalmente, mas na tentativa de os conseguir fazer falar os martirizava cruelmente.Senti mesmo que aquilo lhe dabva prazer, o que aliás me foi confirmado mais tarde por pessoas que o conheceram. Foi dos casos que mais me marcou pela negativa. Nem os bocados dos cadáveres quando uma lancha no Cobué se virou e o hélice os cartejou, ou ainda na Capela de Metangula quando chegaram aos bocados os corpos de sete soldados originado pelo rebentamento de uma mina relógio, ou ainda quando um Comandante de uma Companhia de Comandos que eu com ele e outros tinhamos estado a beber cerveja até cerca das duas da manhã. Homem com cerca de um metro e noventa que encolheu até ficar um vulto pequeninissimo, por ter sido queimado por uma mina incendiária em Metangula quando já tin ha feito a última operação e se preparavam para regressar ao Continente. Falamos ainda imenso tempo de outras coisas boas e amaravilhosas passadas naquela Terra de Além Mar mas que tivemos a sorte de lá viver e muito mais no meu caso que a guerra me passava toda pelas mãos , mas felizmente só nos papeis.Infelizmente que as coisas em Moçambique não tem corrido pelo melhor, mas como me disse um Comandante da Frelimo. Tinham a consciência que as coisas seriam tremendamente difíceis, pelo que previam serem necessários uns 20 a 30 anos para que as coisas ficassem arrumadas, do fundo do coração espero que assim seja e que este Povo martirizado venha a desfrutar de paz tranquila e viva uma plena felicidade num futuro muito próximo.
Quem por lá passou e conheceu Moçambique e o seu Povo sabe que merecem um final feliz. E que já este Natal de 2008 lhes proporcione melhorias significativas e que no ano de dois mil e nove seja uma ano de significativas de melhoramentos irreversiveis.
Recordações das belas banhocas em metangula nas águas do lago Niassa
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